“ESTRADAS PRECÁRIAS E ESBURACADAS”  

 

                                  POR MAERLE FERREIRA LIMA

 

Desde 1995, a Confederação Nacional de Transportes (CNT) realiza pesquisa para avaliar as condições de conservação e trafegabilidade das rodovias brasileiras.

A enquete CNT é realizada anualmente pela CNT, Pelo Serviço Social do Transporte (SST) e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Sest Senat).

Em 2013, foi divulgada a 17ª edição do referido levantamento, que avaliou toda a malha federal pavimentada e as principais rodovias estaduais, num total de 96 mil 714 quilômetros.

De acordo com os resultados da pesquisa, 63,8% da extensão examinada apresentaram deficiências no pavimento, na sinalização e na geometria. É importante destacar que, em toda a malha observada, houve uma piora em relação ao ano anterior. Em 2012, o índice de deficiência foi de 62,7%. O mesmo aconteceu com os pontos críticos, que passaram de 221 em 2012, para 250 em 2013.

Convém esclarecer que os pontos críticos trazem graves riscos à segurança dos usuários, que são surpreendidos por erosões na pista, grandes buracos, quedas de barreiras, barras de proteção destruídas, pontes caídas e outros desgastes igualmente perigosos.

Uma das maiores preocupações reveladas pela pesquisa foi o montante de recursos que é necessário para melhorar o acentuado estado de deterioração das estradas. Enquanto o Governo Federal autorizou apenas 12 bilhões e 700 milhões de reais para investimentos em rodovias, em 2013, a CNT estimou que seriam necessários mais de 355 bilhões de reais.

Mais grave ainda foi que, até outubro de 2013, somente 4 bilhões e 200 milhões de reais foram liberados e, em 2012, dos 18 bilhões e 700 milhões de reais autorizados, apenas 9 bilhões e 400 milhões de reais foram pagos.

Pelos dados da CNT, do total das rodovias pesquisadas, 30 mil quilômetros necessitavam de duplicação e 18 mil quilômetros, de construção. Dessa maneira, pelo Plano CNT de logística, metade das rodovias estudadas não apresentava condições satisfatórias de trafegabilidade, em todos os seus aspectos. Daí, a recomendação da CNT para a urgência dos investimentos de 355 bilhões e 200 milhões de reais, sob pena de agravar ainda mais a situação atual. A CNT adverte que, sem esses investimentos, as estradas ficarão ainda piores, os prejuízos econômicos continuarão aumentando, juntamente com a falta de segurança nas vias e o número de acidentes mortais.

De toda a malha avaliada pela pesquisa, somente 35 mil quilômetros receberam o grau “ótimo” e “bom”. Isso representou apenas 36,2% dos 96 mil 714 quilômetros pesquisados.

Por fim, a pesquisa chamou a atenção para os seguintes aspectos:

PAVIMENTO:

46,9% das estradas apresentaram algum tipo de problema;

43% apresentaram superfície do pavimento desgastada;

85% das rodovias sob concessão tiveram classificação “ótimo” e “bom”.

SINALIZAÇÃO:

67,3% apresentaram algum tipo de problema;

78,7% das rodovias sob gestão pública mostraram problemas;

25,2% não possuíam placas de limite de velocidade;

55,8% apresentaram pintura da faixa central desgastada ou inexistente;

63,2% não tinham faixas laterais ou a pintura estava desgastada.

GEOMETRIA:

77,9% apresentaram algum tipo de problema;

88% da extensão pesquisada tinham pistas simples, com mão dupla;

40,5% não possuíam acostamento;

Em 56,7% da extensão pesquisada, onde haviam ocorrências de curvas perigosas, não existiam placas de advertências e nem proteções completas.

Por fim, a CNT chamou a atenção para os seguintes aspectos:

1- Rodovias deficientes aumentam o custo de manutenção dos veículos, além do consumo de combustível, lubrificantes, pneus e freios;

2- O acréscimo médio do custo operacional, provocado pelas condições precárias do pavimento das rodovias brasileiras, é de 25%;

3- Se o pavimento de todas as rodovias tivesse classificação, “ótima” e “boa”, em 2013, seria possível uma economia de até 5% no consumo de combustível, o que representaria, 661 milhões de litros de óleo diesel, cujo valor seria de 1 bilhão 390 milhões de reais e uma redução de 1,77 megatonelada de gás carbônico, principal gás de efeito estufa.

Lamentavelmente, este é mais um atestado vergonhoso do descaso e da falta de responsabilidade dos governantes, que não investem em infraestrutura, não se preocupam com o futuro do país, não procuram melhorar a sua imagem e não protegem a vida dos usuários dos transportes rodoviários.

 

MAERLE FERREIRA LIMA

BRASÍLIA, 03 DE DEZEMBRO DE 2014