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julho, 2015

Analfabetismo de adultos no Brasil

Maerle Ferreira Lima Análises 21 de julho de 2015

 ANALFABETISMO DE ADULTOS NO BRASIL

 

No dia 29 de janeiro de 2014, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), divulgou o seu 11º Relatório de Monitoramento Global de Educação para Todos, e o Brasil apareceu em posição vergonhosa.

Durante o Fórum Mundial de Educação, realizado no ano 2000, 164 países, entre os quais o Brasil, 35 instituições internacionais e 127 Organizações não Governamentais (ONGs), adotaram o “Marco de Ação de Dacar”, em que se comprometeram a dedicar recursos e esforços necessários para melhorar a educação até 2015.

Apesar do compromisso assumido por essas nações, é importante dizer que, faltando apenas um ano para terminar o prazo, somente 41 países atingirão a meta. Como era de se esperar, o Brasil não faz parte dessa lista.

O Relatório mostra que o nosso país e mais 10, concentram três quartos de todos os analfabetos adultos do mundo, estimados em 774 milhões de adultos, com 15 anos e mais, que não sabem ler nem escrever.

Segundo a UNESCO, 72% desses infelizes estão em apenas 11 países e o Brasil faz parte dessa equipe desgraçada. Graças ao descaso dos nossos governantes, a maioria constituída de corruptos e irresponsáveis, estamos em 8º lugar e formamos uma “bela seleção” da vergonha, juntamente com a Índia, China, Bangladesh, Paquistão, Nigéria, Etiópia, Indonésia, Egito, Irã  e República Democrática do Congo.

Por outro lado, a instituição avalia que a qualidade do ensino básico brasileiro é deficiente, os recursos são mal distribuídos, os professores são mal remunerados e mal preparados.

A respeito da remuneração mínima dos professores do ensino médio brasileiro, que cumprem uma jornada de trabalho de 40 horas semanais, convém destacar que, no mesmo dia em que foi divulgado o Relatório da Unesco ao qual faço referência, o Ministério da Educação  (MEC) anunciou o reajuste do piso salarial para essa categoria.

O valor, que é reajustado anualmente como determina a Lei do Piso, Lei nº 11.738, de 2008, foi corrigido em 8,32%, o que significou um piso salarial de R$ 1.697,00. A entidade representativa dos professores protestou, mas o Governo manteve sua posição.

Segundo o Ministério da Educação, a correção refletiu a variação ocorrida no valor anual mínimo por aluno, definido nacionalmente no Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) do ano passado, em relação ao piso de 2012.

Nos últimos cinco anos, a evolução do piso salarial mostrou a seguinte variação: passou de R$ 950,00, em 2009, para R$ 1.024,67, em 2010; R$ 1.187,14, em 2011; R$ 1.451,00, em 2012; R$ 1.567,00, em 2013; R$ 1.697,00, a partir de fevereiro de 2014. O maior aumento verificado no período, ocorreu em 2012, quando o reajuste representou 22,22%.

Como podemos verificar trata-se de um piso salarial simplesmente ridículo e, mesmo assim, pelo país afora, milhares de professores penam para receber esse minguado salário e muitos aceitam dar aulas por muito menos.

Em face dessa realidade prejudicial para o futuro do país, a pergunta que deve ser feita é a seguinte: como pode um professor do ensino médio brasileiro, sobreviver dignamente, ter motivação para exercer a profissão e desempenhar corretamente a sua função, com um salário miserável como esse? Simplesmente, não é possível! O resultado é um ensino deficiente,  professores com baixa qualificação e alunos que não aprendem nada na escola.

Para agravar ainda mais a situação, o financiamento do ensino está muito abaixo do que seria necessário para melhorar as condições atuais. O valor do investimento per capita no ensino fundamental no Brasil é de apenas 2 mil 778 dólares. Enquanto isso, entre os 34 países que compõem a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), esse mesmo investimento é de 7 mil 974 dólares.

De acordo com as estatísticas mais conservadoras, o Brasil tem, hoje, 13 milhões e 200 mil adultos, entre 15 anos ou mais, analfabetos. Inegavelmente, esse é um dado desonroso, que piora ainda mais a péssima imagem que o nosso país tem no exterior.

No entanto, nossa posição fica ainda mais humilhante, se juntarmos a esse contingente de analfabetos absolutos, os chamados “analfabetos funcionais”.

Os “analfabetos funcionais” sabem ler, mas não compreendem o que lêem. Reconhecem números, mas têm conhecimento bastante precário das quatro operações fundamentais.

O conceito foi criado pela UNESCO, em 1978, para se referir às pessoas que, mesmo sabendo ler e escrever algo muito simples, não são capazes de transmitir suas ideias corretamente. No Brasil, o número de “analfabetos funcionais” é assustador.

De acordo com pesquisas que são realizadas pelo Instituto Paulo Montenegro, em parceria com a ONG “Ação Educativa”, que divulgam anualmente o Indicador de Analfabetismo Funcional (INAF), 75% dos brasileiros são considerados “analfabetos funcionais”.

Dessa maneira, nos levantamentos feitos pelas entidades citadas, 3 em cada 4 brasileiros são considerados “analfabetos funcionais”. Elas estimam que temos 8% de analfabetos absolutos; 30% que lêem mas compreendem muito pouco e 37% que são totalmente incapazes de interpretar qualquer informação.

Segundo as mesmas fontes, apenas 25% dos brasileiros com mais de 15 anos têm pleno domínio das habilidades de leitura e de escrita.

Na Alemanha, a taxa de “analfabetos funcionais” é de 14%. Nos Estados Unidos, é de 21%. Na Inglaterra, 22%. Na Suécia, apenas 7%.

Para concluir, acho que seria interessante fazermos uma reflexão sobre uma última questão: a quem interessa esse estado de ignorância crônica, de alienação e de burrice que caracteriza a maioria de nossa população? Sem dúvida alguma, basicamente, aos “falsos profetas”, que manipulam e exploram essa massa inculta e prometem, para ela, absolvição dos pecados e “salvação da alma no reino do céu”; aos políticos corruptos que querem se eternizar no poder às custas da mentira, de negociatas degradantes e da compra de votos dos eleitores alienados; aos meios de informação do sistema, que direcionam a consciência do povo ignorante para futebol, religião, carnaval, novelas e outras coisas fúteis, e aos agentes econômicos desonestos, que  aumentam suas fortunas sugando o último centavo dos indefesos.

Infelizmente, é esse o Brasil que temos, um país totalmente governado por uma elite corrupta e imoral, que se sucede no poder desde 1500, ou seja, desde os primórdios de nossa formação, de péssimo caráter, que se beneficia, de maneira desumana, do atraso e da desgraça que ela mesma cria e reproduz.

 

 

 

TRATAMENTO DENTÁRIO NA IDADE DA PEDRA

Maerle Ferreira Lima Análises 20 de julho de 2015
      Idade da Pedra 8
Idade da Pedra
Idade da Pedra 6
Idade da Pedra 1

Segundo os cientistas, desde o final do paleolítico inferior, as pessoas já estavam cientes do perigo que representava uma cavidade dental infectada.          Nesses casos, o tratamento era feito com objetos pontiagudos de osso ou madeira para remover a infecção.         Os pesquisadores estimam que a utilização dessa prática evoluiu para as escovas de dentes atuais. 

         Achei interessante !

 

Brasília, 20 de julho de 2015

Maerle Ferreira Lima

AS ATUAIS TENSÕES POLÍTICAS E MILITARES NA UCRÂNIA

Maerle Ferreira Lima Análises 20 de julho de 2015

  “AS ATUAIS TENSÕES POLÍTICAS E MILITARES NA   

                                  UCRÂNIA

 

O território da Ucrânia começou a ser habitado há mais de 40 mil anos e é uma terra marcada por tragédias. Durante séculos, o país foi invadido e saqueado pelos mongóis, lituanos, rutenos, poloneses, tártaros e outros povos. Depois, vieram os russos, o comunismo, a sangrenta ocupação nazista durante a 2ª Guerra Mundial, a fome e a opressão.

Apesar da crise que atravessa, a Ucrânia é um país importante para as grandes potências. Sob o ponto de vista estratégico, desperta grandes interesses, principalmente para a Rússia, para os Estados Unidos e para a União Europeia (UE). Para a UE é a porta de entrada do Oriente e para a Rússia, a porta de saída para o Ocidente.

Sua população aproxima-se dos 45 milhões. É o segundo maior país da Europa e o seu território tem mais de 600 mil quilômetros quadrados.

Apesar do seu potencial econômico e de sua capacidade agrícola, o país está quebrado, a economia está em frangalhos e precisa urgentemente de uma ajuda inicial de 19 bilhões de dólares, para não decretar falência. Segundo os especialistas, para sair do buraco, a conta seria bem maior, ou seja, 35 bilhões de dólares.

O problema é que ninguém quer doar 19 bilhões de dólares emergenciais para socorrer a Ucrânia. A Europa não pode porque também está quebrada, o Presidente Barak Obama nunca conseguiria tal liberação do Congresso americano e as grandes empresas dos países ricos que têm investimentos naquela região, também não querem nem ouvir falar nessa história.

A Ucrânia não é um país homogêneo. Isso se mostrou claramente desde o final da “Guerra Fria”, quando houve a dissolução da União Soviética.

Uma parte é ocidentalizada, defende a associação do país com a UE e é representada pelo atual governo interino do Primeiro Ministro, Arseniy Yatsenyuk, e pelos manifestantes que continuam agitados nas ruas de várias cidades do país e de Kiev, a capital. A outra parte, mantém fortes ligações históricas, políticas, culturais e econômicas com a Rússia e com o governo do Presidente russo, Vladimir Putin.

Vale ressaltar que, em 28 de novembro de 2013, o governo ucraniano, representado pelo então Presidente, Viktor Yanukovich, aliado da Rússia, rejeitou o acordo de associação com a UE. Em troca, recebeu do governo Putin, a “promessa” de uma ajuda de 15 bilhões de dólares e de uma redução do preço do gás importado dos russos. Em verdade, não sei mesmo como o Wladimir Putin poderia cumprir com os compromissos e, muito menos, arrumar 15 bilhões de dólares! A economia da Rússia também não anda lá muito bem.

Esse foi o principal motivo que gerou a crise que hoje ocupa os principais espaços no noticiário internacional. A partir daí, as tensões começaram, os manifestantes tomaram as ruas e mais de 100 pessoas foram mortas.

Em 22 de fevereiro de 2014, o Palácio Presidencial e outros prédios governamentais foram ocupados pelos manifestantes. O mesmo aconteceu com o Parlamento e o Presidente Yanukovich fugiu da capital, Kiev. Um governo interino foi montado, um Primeiro-Ministro foi indicado, Arseniy Yatsenyuk, e foram convocadas eleições para maio de 2014.

Ao mesmo tempo, nas regiões leste e sul do país, especialmente na Crimeia, o povo foi às ruas para protestar contra a deposição do Presidente Yanukovich. Os russos, também insatisfeitos, e com fortes interesses no país, intervieram militarmente na Crimeia.

A Crimeia, antiga parte do “Império Russo” e, depois, da antiga “União Soviética”, é hoje uma “República Autônoma” da Ucrânia. O território foi dado de “presente” à Ucrânia, em 1954, pelo Premier Soviético de então, Nikita Khrushchov.

A maioria da população é de origem russa e tem preferência por uma aproximação com Moscou. Na cidade portuária de Sebastopol, a Rússia mantém uma importante base militar. Ali está ancorada a “Frota Russa do Mar Negro”.

No dia 1º de março de 2014, o Parlamento russo autorizou o uso da força militar naquela parte da Ucrânia, alegando a “necessidade de manutenção da paz” e para proteger os interesses de cidadãos russos. Indignados, os Estados Unidos responderam. O Secretário de Estado norte-americano, John Kerry, disse que a Rússia poderá perder seu lugar na mesa das grandes potências, o G8 e poderá sofrer outras retaliações dos Estados Unidos e de seus aliados da UE.

Na quinta-feira, dia 06 de março de 2014, o Parlamento da Crimeia decidiu por unanimidade fazer parte da Rússia e anunciou um referendo para validar a moção, no próximo dia 16 de março.

Mais de 96% dos eleitores votaram favoravelmente à reunificação com a Rússia.

No dia 17 de março, os 85 deputados do Parlamento Regional proclamaram a separação e decretaram a nacionalização de todos os bens do Estado da Ucrânia em território da Crimeia. Ao mesmo tempo, enviaram uma solicitação de reconhecimento como Estado Independente às Nações Unidas e à Federação Russa.

O Presidente russo Wladimir Putin acatou de imediato a integração da Crimeia à Federação Russa.

O que vai acontecer naquela região nos próximos dias, nas próximas semanas e nos próximos meses, dependerá, certamente, das longas negociações entre as grandes potências ocidentais, lideradas pelos Estados Unidos, com a Rússia de Wladimir Putin.

 

Brasília, 17 de março de 2014

Maerle Ferreira Lima